domingo, 20 de março de 2011

Distâncias


Azulejo em Corda Seca da Autoria de José Andrade


Antes era a distância,
a extensão das gotas do mar,
a vastidão dos meus medos.
Agora as serras e os montes,
os vales, os rios e os riachos,
que escondem os teus segredos.

Antes os barcos abandonados,
presos às amarras do cais,
às areias dos meus sonhos.
Hoje as terras remotas,
os caminhos longínquos,
que ocultam os teus muros.

Inventámos rosas de ventos,
nos rumos que traçámos,
nas rotas que sonhámos.
Porque os ventos são gemidos,
que se ouvem no silêncio
e nos atalhos esquecidos.

Mas aqui entre as lajes dispersas,
onde as palavras saem devagar.
Os poemas atravessam o vento,
ficam tropeçando nas letras,
sem rima, ritmo ou tempo.

E entre o Norte e o Sul,
do teu azul onde me perdi.
Iludo as veredas sem destino,
que é onde eu posso encurtar,
o instante de cair dentro de ti.


 Texto: Victor Gil