Fotografia: Adelino Oliveira
Tranquilamente afasto o trilho das nuvens.
O dia escalda cruelmente,
com seus raios dourados,
os restos dos campos que nos separam.
Te sinto que para lá dos montes,
através das correntes dos meus regatos,
que correm serenamente para o teu oceano,
onde existe o meu mistério.
Te sinto para lá dos horizontes,
através dos suaves ventos dos vales.
Queria ser como um cigano errante.
Desvendar-te no rasto dos caminhos sem tempo,
um aventureiro sem casa,
um cavaleiro à solta,
um barco sem amarras à deriva nos abismos,
uma gaivota perdida na rota dos mundos.
Cruzar as fronteiras num cavalo veloz,
em silêncio sem levantar a voz.
Partir à desfilada pelos limites,
entre as silhuetas longas das cordilheiras,
entre o céu aberto e a Lua Cheia.
almejando sempre um amor traiçoeiro.
Cair trespassado sobre o luar de Agosto,
como um amante bandido,
como um impulsivo bandoleiro.
Texto: Victor Gil