sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Cavalo de Papel

 


Imagem: Tela a Óleo de Lisa_B


Não sei se vou conseguir levantar-me
do chão para onde me atiraste.
Entre guerras de beijos,
de palavras e amores escondidos,
de manhãs inconstantes
e exércitos vencidos.

Como vou conseguir colocar
todas as minhas flores nos teus vasos,
suportar o silêncio dos teus caminhos,
abrir as tuas portas devastadas.
Entrar nas planícies da tua ternura,
ou nas árvores dispersas
das tuas florestas desfolhadas.

Já só me resta ousar quedar-me aqui,
tentando domar o tropel,
dos meus cavalos de papel.

Texto: Victor Gil

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Amor na Rota ao Sul

Fotografia: Sight


Ainda um dia vou escrever-te uma cantiga,
que fale deste amor sem fuga ou medo.
E que o vento traga em seu sopro a tua espiga,
na brisa doce, o frio e o quente do segredo.

Que para além dessa tua rosa ardente,
consuma as águas do meu rio largo e fundo.
Que entre nosso sono e sonho ausente,
mostre a passagem do oceano profundo.

Que à manhã se siga o dia, depois a noite,
o Sol estenda intensos raios como braços
e a Lua Cheia se transforme em Lua Azul.

Que em teu seio, haja um colo que me acoite,
as minhas mãos em teu ventre deixem rastos
e por fim rebente um amor na rota ao sul.

Texto: Victor Gil

Cavaleiro Errante

 


Fotografia: Marco Reis



Desejo ter os teus beijos,
entre a luz da minha espada.
Entre as lanças apontadas,
eu anseio a tua brandura,
quando tentas trespassar,
a minha escassa armadura.
                           
És a minha rosa enfeitiçada,
rosa azul da alvorada.
Que acompanha os meus segredos,
entre os desejos escondidos
e a silhueta dos meus medos.

Sou o teu cavaleiro errante,
florescente nos meus desvarios.
Montado em meu Rocinante,
ginete alado em teus caminhos,
adejando entre atalhos e desvios.

Sobre as fortalezas de areia,
e moinhos de vento,
entre as maré cheias
e os aromas do tempo.

Texto: Victor Gil

Asas sem Tempo

Fotografia: Sonia Schmorantz


Voa nas asas do teu tempo,
voa no sono,
nas nuvens,
no vento.
Mas voa sem pressa,
porque as asas dos anjos,
são asas sem tempo.

Desperta as manhãs,
sem choro mudo ou calado,
sem ave abandonada,
mas com ninho
colo e aconchego.

Num sopro tatuado no tempo,
espera que o vento,
arraste os meus versos,
sobre um mar de sargaços,
entre as marés vivas,
vá colher os teus braços.

Porque quando se lambe a areia,
procuram-se as marés,
que levem as águas,
beijar os teus pés.

Texto: Victor Gil