sábado, 19 de dezembro de 2009

Sabes


Fotografia: Louro
http://louro-louro-fotos.blogspot.com/


Sabes as flores?
Aquelas flores!
Aquelas que eu coloquei na janela,
em frente à porta do teu coração.
Sim, aquelas flores!
Onde coloquei todos os aromas e sabores,
mas deixei a saudade espalhada pelo chão.

E os sonhos?
Sabes, os sonhos!
Aqueles que se perderam
através das janelas entreabertas.
Sim, os sonhos!
Ainda os procuro encontrar em vão,
entre as estrelas cadentes,
que se perdem na escuridão.

E as palavras?
Sabes, aquelas palavras!
Sim, as palavras que ficaram
presas às amarras do cais.
Que ficaram encalhadas
como barco abandonado,
nas areias dos nossos sonhos.

Mas que voaram nas gaivotas,
sobre o céu dos nossos oceanos.


Texto: Victor Gil

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Hoje não Consegui Esconder-me de ti

Fotografia: Solange Mazzeto


Hoje não consegui tracejar as palavras,
que queria escrever para ti.
Somente frases ausentes,
apenas letras remotas,
linhas trocadas,
textos sem rumo,
cadernos distantes.

Hoje não consegui enviar-te as flores,
que desejo plantar nos teus vasos.
Só folhas ressequidas,
rosas desfolhadas,
raízes indecisas,
regadas com gotas
frias e salgadas.

Hoje não consegui escutar as canções,
que queria que tu ouvisses.
Apenas sons dispersos,
violão sem cordas,
piano sem claves,
cantores sem voz, 
letras sem versos.

Hoje não consegui sonhar-te.
Apenas insónia e sonos soltos.
Hoje não consegui,
esconder-me de ti.



Texto: Victor Gil

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Rumo Incerto

Fotografia: Rosana de Souza (RosanAzul)


Quantos beijos são precisos
para cruzar os oceanos da paixão.
Quantos batéis,
quantos lemes, ventos e remos,
preciso de manobrar,
para mudar as rotas que queremos.

Procuro para além do mar,
mas não descubro o atalho a seguir.
No meu barco à deriva,
não sei qual a direcção correcta,
somente sinto a água que me alaga,
pela escotilha aberta.

Que fazer para quebrar as amarras
dos destroços fumegantes,
se no murmúrio das sombras,
não descubro a rota certa.

Texto: Victor Gil

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Apenas o Brilho do Luar

Fotografia: Eduardo Poisl


Hoje junto à praia,
tentei ver o outro lado do mar.
Mas não te vi
entre o movimento das águas,
nas velas ao longe
ou no sol a brilhar.

Não te vi no vento sereno,
na areia molhada,
no azul das vagas salgadas.
No voar das gaivotas
de formas aladas.

Julguei ver-te os cabelos
que desatavas na noite,
sobre as águas calmas do mar.
Mas era apenas a luz
e o brilho do luar.

Texto: Victor Gil

domingo, 1 de novembro de 2009

Lua Azul

Fotografia: Fernanda Costa


Separo as cortinas batidas pelo vento,
mas não consigo ver o outro lado da rua,
não consigo sequer descobrir,
o reflexo da Lua.

Neste quarto vazio só consigo pensar
no meu amor proibido e ausente,
que o destino armadilhou.
Aonde as noites são rosadas
e a paixão está tão distante.

Mas não pensem que vão conseguir
reprimir-me as palavras,
silenciar as minhas letras,
ocultar o papel
onde rascunho os meus poemas.
Porque eu só pinto as palavras,
e a pena escreve, apenas.

Mas quando fores à janela
e ao olhares o infinito,
passar uma estrela cadente
cerca dos astros do sul.
Sou eu que caminho através deles,
tentando encontrar a lua azul.

Texto: Victor Gil

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Pedra dos Encontros

Fotografia: Victor Gil
http://fotografiasquerimam.blogspot.com/ 
http://naodeixaresquecerabril.blogspot.com/


Quando chegares,
eu vou estar-te esperando
junto à pedra imaginada dos meus dias.
Onde grito pelo teu nome,
onde abraço o horizonte,
onde desfaço os meus braços
de encontro às nuvens vazias.

Quando chegares,
eu vou estar-te esperando,
no espaço do teu cantinho virtual.
Com um beijo em minha boca,
uma carícia em cada mão
e uma vontade louca,
do pecado original.


Texto: Victor Gil